"Acorda Gisa
que a vida não é só gargalhada
Cuidado que ela pode fazer,
que nem fez sua empregada
que além de te assaltar,
ainda te fez segurar a escada."
(Mari Bastos)
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Leiam o relato abaixo para entenderem o poema:
A Fulana
Nunca vou esquecer daquela noite na minha casa. Eu, apenas 4 anos. Uma pseudo filha única. Tão faminta por brincar. Tão inocente...
Uma doméstica prestava serviço em minha casa. Mas, para mim, ela era muito mais que isso. Uma companheira de aventuras. Uma amiga de todas as tardes.
Mas, certo dia, minha mãe descobriu que ela estava pegando objetos da nossa residência e nunca mais devolvia. Foi então que minha mãe decidiu: -Vou mandar fulana ir embora! Mas eu de nada sabia.. ó céus...
Estava a fulana, meu pai e eu em casa naquele dia. Era noite. Minha mãe estava trabalhando e meu pai assistindo jornal. A fulana me chamou lá no barracão dos fundos da casa e revelou que aquela seria sua última noite ali. Para mim, ela disse que precisava ir embora por motivos familiares, mas, na verdade, ela só queria ir levando consigo o máximo de coisas que conseguisse dentro daquela mochila.
Ao escutar aquilo e imaginar a ausência da fulana em minhas tardes de brincadeiras felizes, uma angústia sobressaltou minha jovem garganta e eu pedi que ela não me deixasse. Nada adiantou, claro. A maldade já estava consumada. Ela me enganou. Me ludibriou. Me fez de besta. Claro, eu já nasci pisciana.
Ela disse que para firmarmos nossa amizade pra sempre eu precisava entregar a ela as jóias da minha mãe. Eu não achei o bastante o pequeno tesouro. Entreguei também a minha cheirosa coleção de papel de carta com aqueles lindos ursinhos desenhados. Fico até imaginando o destino desses papéis...
Como se não bastasse toda a enganação na qual a fulana me inseriu, ela pediu que eu segurasse a escada para ela pular o muro. Foi nessa hora, com as mãos ainda presas à escada que meu pai chegou. Nunca esqueci daquela surra de sandália havaiana. A única.
E nunca mais tivemos notícias dos ouros e da fulana. E nem outra surra. Ufa!
Fui dormir chorando com minha boneca.
Nunca mais confiei em domésticas. (Mas nada contra o digno serviço).
Sim, é verdade. Eu fui assaltada e enganada aos 4 anos.
Com certeza, ninguém vai segurar a escada dela para o céu. Mas a do inferno eu segurei pra ela.
(Especialmente escrito para Bah, Mari, Sam e Gê... as pessoas que mais riram dessa história)
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
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Poemas, pensamentos, leitura boa de se ler...Gostei do espaço aqui...
ResponderExcluirParabéns ao Olho de Tornado!!!
leia também
www.descompensando.blogspot.com
HAHHAHAHHAHAHHA... que história, hein? a gente sempre se apega a essas pessoas erradas e a experiência é própria! tsc, tsc.
ResponderExcluirmas que os papéis de carta foram beeeeem nostálgicos, eles foram.
adorei tudo aqui, gata!
um beijo,
Dream On.
HAHAHAHAHA
ResponderExcluirMorro de rir sempre dessa história!
Eita Gisa, foi ludibriada aos 4 anos...rs.
Aaaahh mas eu adoro essa história! Nunca ri tanto! HAHAHAHHAA
ResponderExcluirIsto Foi e é traumático!
ResponderExcluir=/
hahahaha.
ResponderExcluirEu rio do que nem ouvi.
hahaa
adoro!
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirMoça, cuidado que vc vai ser processada pelo sindicato da categoria.... rsrsrsrsrsrs
Só vc mesma, dona Gisa... kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk