Ah! Menino!
A música toca.
Eu te conheço.
Amigos lá fora.
Até qualquer dia.
Ah! Menino!
Mas a gente conversa.
Nas palavras se entende.
O carinho.
O querer bem.
Ah! Menino!
A música toca.
Eu te espero e canto.
Amigos cá dentro.
Cá dentro do peito.
Ah! Menino!
Palavra doce de algodão.
A gente se vê.
Se espera.
Sente.
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
sábado, 21 de novembro de 2009
Muitos
Muitos se julgam melhores que os outros em função da cegueira mental a qual estão submetidos. Ridicularizam as ações alheias porque não conseguem enxergar a si próprios. E não analizam o quão falhas e medonhas podem ser suas próprias atitudes. Mas tudo isso é mesmo compreensível. Olhar para dentro de si e reconhecer a miséria humana é algo realmente complexo. A busca pelo autoconhecimento traz consigo duas facetas: a humildade e a falsa humildade. A primeira consiste em reconhecer a si mesmo sem receios e covardias, dar a si o real valor das qualidades e imperfeições. A segunda, por sua vez, dissimula a aceitação, contradizendo a verdadeira percepção que o autoconhecimento lhe proporcionar. A falsa humildade não é capaz de assumir na íntegra suas reais limitações ou predicados.
Ninguém é melhor que ninguém. Essa clichê expressão possui mesmo um sincero significado.
"Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento." Lispector, Clarice
Ninguém é melhor que ninguém. Essa clichê expressão possui mesmo um sincero significado.
"Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento." Lispector, Clarice
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Silêncio
Nem sempre quero assim
Espero apenas que seja pleno e sincero
De coração quieto e aqui
Não sei bem ao certo
Mas conheço o gosto que tem aquela lembrança...
aquele instante...
Nem tão perto chega
E já penso que tudo isso é um disparate
Mas nem tão longe vai
E já me esquivo atrás do silêncio
Porque há escudo melhor?
No sossego dessa intenção
No delírio da canção
Facilmente desfaço o laço e arrumo a prateleira
Me olho no espelho e já me consumo inerte
Ao pensar no que poderia ter sido
E bebo um gole de mim mesma
Esperando saciar uma resposta
Sonhando que um dia eu possa
Transitar sereno aqui dentro do peito
Com meu casaco estandarte
com minha sandália rasteira
e minha flor no cabelo.
Sentindo que talvez eu queira
escancarar o peito
pra me guardar na ausência de qualquer ruído.
Meu silêncio é sempre respeito
Nunca desatenção.
Espero apenas que seja pleno e sincero
De coração quieto e aqui
Não sei bem ao certo
Mas conheço o gosto que tem aquela lembrança...
aquele instante...
Nem tão perto chega
E já penso que tudo isso é um disparate
Mas nem tão longe vai
E já me esquivo atrás do silêncio
Porque há escudo melhor?
No sossego dessa intenção
No delírio da canção
Facilmente desfaço o laço e arrumo a prateleira
Me olho no espelho e já me consumo inerte
Ao pensar no que poderia ter sido
E bebo um gole de mim mesma
Esperando saciar uma resposta
Sonhando que um dia eu possa
Transitar sereno aqui dentro do peito
Com meu casaco estandarte
com minha sandália rasteira
e minha flor no cabelo.
Sentindo que talvez eu queira
escancarar o peito
pra me guardar na ausência de qualquer ruído.
Meu silêncio é sempre respeito
Nunca desatenção.
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Sonhos
Odeio sonhar coisas que me fazem odiar ter dormido. (Eu amo dormir)
Meu subconsciente tinha mesmo que ser tão criativo? E o mais engraçado é que são exatamente esses sonhos (que mais parecem pesadelos) que faço questão de não esquecer.
Tenho certeza de que quando sonho com a nuvem rosa dos Ursinhos Carinhosos eu não consigo me lembrar. #lógico!
http://www.youtube.com/watch?v=xPShlKutlnU&feature=related
Meu subconsciente tinha mesmo que ser tão criativo? E o mais engraçado é que são exatamente esses sonhos (que mais parecem pesadelos) que faço questão de não esquecer.
Tenho certeza de que quando sonho com a nuvem rosa dos Ursinhos Carinhosos eu não consigo me lembrar. #lógico!
http://www.youtube.com/watch?v=xPShlKutlnU&feature=related
Conspiração
Eu não costumo esperar grandes coisas. Mas nunca pensei que fosse ser assim.
Por vezes me odeio por permitir.
Por vezes me deleito a sentir.
Sigo me esquivando...
Traçando um caminho mais tortuoso que o usual.
Essa linha tênue entre amor e ódio parece mesmo uma conspiração de mim mesma.
Uma implicância sem fim.
Mas que espero, por sua vez, chegar a algum lugar.
Não qualquer lugar.
Por vezes me odeio por permitir.
Por vezes me deleito a sentir.
Sigo me esquivando...
Traçando um caminho mais tortuoso que o usual.
Essa linha tênue entre amor e ódio parece mesmo uma conspiração de mim mesma.
Uma implicância sem fim.
Mas que espero, por sua vez, chegar a algum lugar.
Não qualquer lugar.
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Elegia ao primeiro amigo
Seguramente não sou eu
Ou antes: não é o ser que eu sou, sem finalidade e sem história.
É antes uma vontade indizível de te falar docemente
De te lembrar tanta aventura vivida, tanto meandro de ternura
Neste momento de solidão e desmesurado perigo em que me encontro.
Talvez seja o menino que um dia escreveu um soneto para o dia de teus anos
E te confessava um terrível pudor de amar, e que chorava às escondidas
Porque via em muitos dúvidas sobre uma inteligência que ele estimava genial.
Seguramente não é a minha forma.
A forma que uma tarde, na montanha, entrevi, e que me fez tão tristemente temer minha própria poesia.
É apenas um prenúncio do mistério
Um suspiro da morte íntima, ainda não desencantada...
Vim para ser lembrado
Para ser tocado de emoção, para chorar
Vim para ouvir o mar contigo
Como no tempo em que o sonho da mulher nos alucinava, e nós
Encontrávamos força para sorrir à luz fantástica da manhã.
Nossos olhos enegreciam lentamente de dor
Nossos corpos duros e insensíveis
Caminhavam léguas – e éramos o mesmo afeto
Para aquele que, entre nós, ferido de beleza
Aquele de rosto de pedra
De mãos assassinas e corpo hermético de mártir
Nos criava e nos destruía à sombra convulsa do mar.
Pouco importa que tenha passado, e agora
Eu te possa ver subindo e descendo os frios vales
Ou nunca mais irei, eu
Que muita vez neles me perdi para afrontar o medo da treva...
Trazes ao teu braço a companheira dolorosa
A quem te deste como quem se dá ao abismo, e para quem cantas o teu desespero Como um grande pássaro sem ar.
Tão bem te conheço, meu irmão; no entanto
Quem és, amigo, tu que inventaste a angústia
E abrigaste em ti todo o patético?
Não sei o que tenho de te falar assim: sei
Que te amo de uma poderosa ternura que nada pede nem dá
Imediata e silenciosa; sei que poderias morrer
E eu nada diria de grave; decerto
Foi a primavera temporã que desceu sobre o meu quarto de mendigo
Com seu azul de outono, seu cheiro de rosas e de velhos livros...
Pensar-te agora na velha estrada me dá tanta saudade de mim mesmo
Me renova tanta coisa, me traz à lembrança tanto instante vivido:
Tudo isso que vais hoje revelar à tua amiga, e que nós descobrimos numa incomparável aventura
Que é como se me voltasse aos olhos a inocência com que um dia dormi nos braços de uma mulher que queria me matar.
Evidentemente (e eu tenho pudor de dizê-lo)
Quero um bem enorme a vocês dois, acho vocês formidáveis
Fosse tudo para dar em desastre no fim, o que não vejo possível
(Vá lá por conta da necessária gentileza...)
No entanto, delicadamente, me desprenderei da vossa companhia, deixar-me-ei ficar para trás, para trás...
Existo também; de algum lugar
Uma mulher me vê viver; de noite, às vezes
Escuto vozes ermas
Que me chamam para o silêncio.
Sofro
O horror dos espaços
O pânico do infinito
O tédio das beatitudes.
Sinto
Refazerem-se em mim mãos que decepei de meus braços
Que viveram sexos nauseabundos, seios em putrefação.
Ah, meu irmão, muito sofro! de algum lugar, na sombra
Uma mulher me vê viver... – perdi o meio da vida
E o equilíbrio da luz; sou como um pântano ao luar.
Falarei baixo
Para não perturbar tua amiga adormecida
Serei delicado. Sou muito delicado. Morro de delicadeza.
Tudo me merece um olhar. Trago
Nos dedos um constante afago para afagar; na boca
Um constante beijo para beijar; meus olhos
Acarinham sem ver; minha barba é delicada na pele das mulheres.
Mato com delicadeza. Faço chorar delicadamente
E me deleito. Inventei o carinho dos pés; minha palma
Áspera de menino de ilha pousa com delicadeza sobre um corpo de adúltera.
Na verdade, sou um homem de muitas mulheres, e com todas delicado e atento
Se me entediam, abandono-as delicadamente, desprendendo-me delas com uma doçura de água
Se as quero, sou delicadíssimo; tudo em mim
Desprende esse fluido que as envolve de maneira irremissível
Sou um meigo energúmeno. Até hoje só bati numa mulher
Mas com singular delicadeza. Não sou bom
Nem mau: sou delicado. Preciso ser delicado
Porque dentro de mim mora um ser feroz e fratricida
Como um lobo. Se não fosse delicado
Já não seria mais. Ninguém me injuria
Porque sou delicado; também não conheço o dom da injúria.
Meu comércio com os homens é leal e delicado; prezo ao absurdo
A liberdade alheia; não existe
Ser mais delicado que eu; sou um místico da delicadeza
Sou um mártir da delicadeza; sou
Um monstro de delicadeza.
Seguramente não sou eu:
É a tarde, talvez, assim parada
Me impedindo de pensar. Ah, meu amigo
Quisera poder dizer-te tudo; no entanto
Preciso desprender-me de toda lembrança; de algum lugar
Uma mulher me vê viver, que me chama; devo
Segui-Ia, porque tal é o meu destino. Seguirei
Todas as mulheres em meu caminho, de tal forma
Que ela seja, em sua rota, uma dispersão de pegadas
Para o alto, e não me reste de tudo, ao fim
Senão o sentimento desta missão e o consolo de saber
Que fui amante, e que entre a mulher e eu alguma coisa existe
Maior que o amor e a carne, um secreto acordo, uma promessa
De socorro, de compreensão e de fidelidade para a vida.
Vinicius de Moraes
Ou antes: não é o ser que eu sou, sem finalidade e sem história.
É antes uma vontade indizível de te falar docemente
De te lembrar tanta aventura vivida, tanto meandro de ternura
Neste momento de solidão e desmesurado perigo em que me encontro.
Talvez seja o menino que um dia escreveu um soneto para o dia de teus anos
E te confessava um terrível pudor de amar, e que chorava às escondidas
Porque via em muitos dúvidas sobre uma inteligência que ele estimava genial.
Seguramente não é a minha forma.
A forma que uma tarde, na montanha, entrevi, e que me fez tão tristemente temer minha própria poesia.
É apenas um prenúncio do mistério
Um suspiro da morte íntima, ainda não desencantada...
Vim para ser lembrado
Para ser tocado de emoção, para chorar
Vim para ouvir o mar contigo
Como no tempo em que o sonho da mulher nos alucinava, e nós
Encontrávamos força para sorrir à luz fantástica da manhã.
Nossos olhos enegreciam lentamente de dor
Nossos corpos duros e insensíveis
Caminhavam léguas – e éramos o mesmo afeto
Para aquele que, entre nós, ferido de beleza
Aquele de rosto de pedra
De mãos assassinas e corpo hermético de mártir
Nos criava e nos destruía à sombra convulsa do mar.
Pouco importa que tenha passado, e agora
Eu te possa ver subindo e descendo os frios vales
Ou nunca mais irei, eu
Que muita vez neles me perdi para afrontar o medo da treva...
Trazes ao teu braço a companheira dolorosa
A quem te deste como quem se dá ao abismo, e para quem cantas o teu desespero Como um grande pássaro sem ar.
Tão bem te conheço, meu irmão; no entanto
Quem és, amigo, tu que inventaste a angústia
E abrigaste em ti todo o patético?
Não sei o que tenho de te falar assim: sei
Que te amo de uma poderosa ternura que nada pede nem dá
Imediata e silenciosa; sei que poderias morrer
E eu nada diria de grave; decerto
Foi a primavera temporã que desceu sobre o meu quarto de mendigo
Com seu azul de outono, seu cheiro de rosas e de velhos livros...
Pensar-te agora na velha estrada me dá tanta saudade de mim mesmo
Me renova tanta coisa, me traz à lembrança tanto instante vivido:
Tudo isso que vais hoje revelar à tua amiga, e que nós descobrimos numa incomparável aventura
Que é como se me voltasse aos olhos a inocência com que um dia dormi nos braços de uma mulher que queria me matar.
Evidentemente (e eu tenho pudor de dizê-lo)
Quero um bem enorme a vocês dois, acho vocês formidáveis
Fosse tudo para dar em desastre no fim, o que não vejo possível
(Vá lá por conta da necessária gentileza...)
No entanto, delicadamente, me desprenderei da vossa companhia, deixar-me-ei ficar para trás, para trás...
Existo também; de algum lugar
Uma mulher me vê viver; de noite, às vezes
Escuto vozes ermas
Que me chamam para o silêncio.
Sofro
O horror dos espaços
O pânico do infinito
O tédio das beatitudes.
Sinto
Refazerem-se em mim mãos que decepei de meus braços
Que viveram sexos nauseabundos, seios em putrefação.
Ah, meu irmão, muito sofro! de algum lugar, na sombra
Uma mulher me vê viver... – perdi o meio da vida
E o equilíbrio da luz; sou como um pântano ao luar.
Falarei baixo
Para não perturbar tua amiga adormecida
Serei delicado. Sou muito delicado. Morro de delicadeza.
Tudo me merece um olhar. Trago
Nos dedos um constante afago para afagar; na boca
Um constante beijo para beijar; meus olhos
Acarinham sem ver; minha barba é delicada na pele das mulheres.
Mato com delicadeza. Faço chorar delicadamente
E me deleito. Inventei o carinho dos pés; minha palma
Áspera de menino de ilha pousa com delicadeza sobre um corpo de adúltera.
Na verdade, sou um homem de muitas mulheres, e com todas delicado e atento
Se me entediam, abandono-as delicadamente, desprendendo-me delas com uma doçura de água
Se as quero, sou delicadíssimo; tudo em mim
Desprende esse fluido que as envolve de maneira irremissível
Sou um meigo energúmeno. Até hoje só bati numa mulher
Mas com singular delicadeza. Não sou bom
Nem mau: sou delicado. Preciso ser delicado
Porque dentro de mim mora um ser feroz e fratricida
Como um lobo. Se não fosse delicado
Já não seria mais. Ninguém me injuria
Porque sou delicado; também não conheço o dom da injúria.
Meu comércio com os homens é leal e delicado; prezo ao absurdo
A liberdade alheia; não existe
Ser mais delicado que eu; sou um místico da delicadeza
Sou um mártir da delicadeza; sou
Um monstro de delicadeza.
Seguramente não sou eu:
É a tarde, talvez, assim parada
Me impedindo de pensar. Ah, meu amigo
Quisera poder dizer-te tudo; no entanto
Preciso desprender-me de toda lembrança; de algum lugar
Uma mulher me vê viver, que me chama; devo
Segui-Ia, porque tal é o meu destino. Seguirei
Todas as mulheres em meu caminho, de tal forma
Que ela seja, em sua rota, uma dispersão de pegadas
Para o alto, e não me reste de tudo, ao fim
Senão o sentimento desta missão e o consolo de saber
Que fui amante, e que entre a mulher e eu alguma coisa existe
Maior que o amor e a carne, um secreto acordo, uma promessa
De socorro, de compreensão e de fidelidade para a vida.
Vinicius de Moraes
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
mpcot
E a gente se conhece porque nos permitimos.
E do encontro inesperado
O querer bem, a afinidade sincera
O samba, o barrerado e o violão
E em meio ao "chanson"... o tumulto.
e lá está: O Sorriso!
E la é doida e sabe como ninguém.
E eu chego, fico e vou embora.
Mato ela de vergonha.
Mas ela me chama pra roda e eu danço.
Canto e gosto.
Porque ela me faz bem.
E eu volto.
Amo.
E do encontro inesperado
O querer bem, a afinidade sincera
O samba, o barrerado e o violão
E em meio ao "chanson"... o tumulto.
e lá está: O Sorriso!
E la é doida e sabe como ninguém.
E eu chego, fico e vou embora.
Mato ela de vergonha.
Mas ela me chama pra roda e eu danço.
Canto e gosto.
Porque ela me faz bem.
E eu volto.
Amo.
sábado, 7 de novembro de 2009
Propósito
Por vezes me pergunto sobre o propósito. Propósito. Essa palavra não sai da minha cabeça. Eu, que não quero basear a minha felicidade na mediocridade coletiva do mundo, me esforço a descobrir o real sentido dessa palavra. Não no âmbito linguístico, mas, vivencial mesmo.
Se tudo não passa de convenções as quais estamos inseridos...
Se tudo não se torna, consequentemente, um insano e maçante jogo.
Da vida.
Por que, afinal de contas, devemos respostas? Por mínimas que sejam...
E se é que existe um, qual é o propósito? E porque deve haver um?
...
É tudo culpa da mediocridade coletiva.
Se tudo não passa de convenções as quais estamos inseridos...
Se tudo não se torna, consequentemente, um insano e maçante jogo.
Da vida.
Por que, afinal de contas, devemos respostas? Por mínimas que sejam...
E se é que existe um, qual é o propósito? E porque deve haver um?
...
É tudo culpa da mediocridade coletiva.
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
Do que sobrou
Sabe quando a gente quer
Saber o que se vai
Daquilo que se pode esperar
Do que sobrou
Mas já nem penso o que será
Se você me aparecer por aqui
Trazendo consigo
Seu rosto de vidro
Eu mesma já não sei
Já não espero pois
Ter você de novo tão perto
Amaciando meu cheiro
Vejo que nem tão breve são as coisas
Que nem tão puros são os traços
E das intenções eu não espero
Um chamego atrasado.
Dia estranho.
De alegrias pra se ter
E desânimos pra se ver.
Saber o que se vai
Daquilo que se pode esperar
Do que sobrou
Mas já nem penso o que será
Se você me aparecer por aqui
Trazendo consigo
Seu rosto de vidro
Eu mesma já não sei
Já não espero pois
Ter você de novo tão perto
Amaciando meu cheiro
Vejo que nem tão breve são as coisas
Que nem tão puros são os traços
E das intenções eu não espero
Um chamego atrasado.
Dia estranho.
De alegrias pra se ter
E desânimos pra se ver.
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Poeminha pra Gisa (pra rir) - Relato da Fulana
"Acorda Gisa
que a vida não é só gargalhada
Cuidado que ela pode fazer,
que nem fez sua empregada
que além de te assaltar,
ainda te fez segurar a escada."
(Mari Bastos)
----------------------------
Leiam o relato abaixo para entenderem o poema:
A Fulana
Nunca vou esquecer daquela noite na minha casa. Eu, apenas 4 anos. Uma pseudo filha única. Tão faminta por brincar. Tão inocente...
Uma doméstica prestava serviço em minha casa. Mas, para mim, ela era muito mais que isso. Uma companheira de aventuras. Uma amiga de todas as tardes.
Mas, certo dia, minha mãe descobriu que ela estava pegando objetos da nossa residência e nunca mais devolvia. Foi então que minha mãe decidiu: -Vou mandar fulana ir embora! Mas eu de nada sabia.. ó céus...
Estava a fulana, meu pai e eu em casa naquele dia. Era noite. Minha mãe estava trabalhando e meu pai assistindo jornal. A fulana me chamou lá no barracão dos fundos da casa e revelou que aquela seria sua última noite ali. Para mim, ela disse que precisava ir embora por motivos familiares, mas, na verdade, ela só queria ir levando consigo o máximo de coisas que conseguisse dentro daquela mochila.
Ao escutar aquilo e imaginar a ausência da fulana em minhas tardes de brincadeiras felizes, uma angústia sobressaltou minha jovem garganta e eu pedi que ela não me deixasse. Nada adiantou, claro. A maldade já estava consumada. Ela me enganou. Me ludibriou. Me fez de besta. Claro, eu já nasci pisciana.
Ela disse que para firmarmos nossa amizade pra sempre eu precisava entregar a ela as jóias da minha mãe. Eu não achei o bastante o pequeno tesouro. Entreguei também a minha cheirosa coleção de papel de carta com aqueles lindos ursinhos desenhados. Fico até imaginando o destino desses papéis...
Como se não bastasse toda a enganação na qual a fulana me inseriu, ela pediu que eu segurasse a escada para ela pular o muro. Foi nessa hora, com as mãos ainda presas à escada que meu pai chegou. Nunca esqueci daquela surra de sandália havaiana. A única.
E nunca mais tivemos notícias dos ouros e da fulana. E nem outra surra. Ufa!
Fui dormir chorando com minha boneca.
Nunca mais confiei em domésticas. (Mas nada contra o digno serviço).
Sim, é verdade. Eu fui assaltada e enganada aos 4 anos.
Com certeza, ninguém vai segurar a escada dela para o céu. Mas a do inferno eu segurei pra ela.
(Especialmente escrito para Bah, Mari, Sam e Gê... as pessoas que mais riram dessa história)
que a vida não é só gargalhada
Cuidado que ela pode fazer,
que nem fez sua empregada
que além de te assaltar,
ainda te fez segurar a escada."
(Mari Bastos)
----------------------------
Leiam o relato abaixo para entenderem o poema:
A Fulana
Nunca vou esquecer daquela noite na minha casa. Eu, apenas 4 anos. Uma pseudo filha única. Tão faminta por brincar. Tão inocente...
Uma doméstica prestava serviço em minha casa. Mas, para mim, ela era muito mais que isso. Uma companheira de aventuras. Uma amiga de todas as tardes.
Mas, certo dia, minha mãe descobriu que ela estava pegando objetos da nossa residência e nunca mais devolvia. Foi então que minha mãe decidiu: -Vou mandar fulana ir embora! Mas eu de nada sabia.. ó céus...
Estava a fulana, meu pai e eu em casa naquele dia. Era noite. Minha mãe estava trabalhando e meu pai assistindo jornal. A fulana me chamou lá no barracão dos fundos da casa e revelou que aquela seria sua última noite ali. Para mim, ela disse que precisava ir embora por motivos familiares, mas, na verdade, ela só queria ir levando consigo o máximo de coisas que conseguisse dentro daquela mochila.
Ao escutar aquilo e imaginar a ausência da fulana em minhas tardes de brincadeiras felizes, uma angústia sobressaltou minha jovem garganta e eu pedi que ela não me deixasse. Nada adiantou, claro. A maldade já estava consumada. Ela me enganou. Me ludibriou. Me fez de besta. Claro, eu já nasci pisciana.
Ela disse que para firmarmos nossa amizade pra sempre eu precisava entregar a ela as jóias da minha mãe. Eu não achei o bastante o pequeno tesouro. Entreguei também a minha cheirosa coleção de papel de carta com aqueles lindos ursinhos desenhados. Fico até imaginando o destino desses papéis...
Como se não bastasse toda a enganação na qual a fulana me inseriu, ela pediu que eu segurasse a escada para ela pular o muro. Foi nessa hora, com as mãos ainda presas à escada que meu pai chegou. Nunca esqueci daquela surra de sandália havaiana. A única.
E nunca mais tivemos notícias dos ouros e da fulana. E nem outra surra. Ufa!
Fui dormir chorando com minha boneca.
Nunca mais confiei em domésticas. (Mas nada contra o digno serviço).
Sim, é verdade. Eu fui assaltada e enganada aos 4 anos.
Com certeza, ninguém vai segurar a escada dela para o céu. Mas a do inferno eu segurei pra ela.
(Especialmente escrito para Bah, Mari, Sam e Gê... as pessoas que mais riram dessa história)
Outrora
A loucura parece mesmo real.
Disparate da felicidade.
Não negues a essência da maturidade.
Primeira exata é a brandura forte da alma.
Maciez que espeta.
Vento. Palha. Madeira.
Não trate com desdém... não apetece o gosto de outrora.
Difícil escolha da matéria.
Devaneios oblíquos e sedentos...
Porque assim a vida lhe parece fácil.
A claridade ofuscada pelo cinza.
Apatia. Apatia.
Do brilho perdido.
(21/03/09)
Disparate da felicidade.
Não negues a essência da maturidade.
Primeira exata é a brandura forte da alma.
Maciez que espeta.
Vento. Palha. Madeira.
Não trate com desdém... não apetece o gosto de outrora.
Difícil escolha da matéria.
Devaneios oblíquos e sedentos...
Porque assim a vida lhe parece fácil.
A claridade ofuscada pelo cinza.
Apatia. Apatia.
Do brilho perdido.
(21/03/09)
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Ocaso do descaso
E tudo assim assaz lhe parece
Oblíquo ocaso do descaso.
E verde se faz.
Concreto.
Na pouca luz de penumbra... dançante torna-se o contraste.
E vem. Fica. E ferve a alma.
E o horizonte me parece até distorcido.
As águas escuras.
Palavras envolvem.
Frescor que encanta.
Suaviza aquela nostalgia amarga de outrora.
E logo mais o telefone toca.
E a gente vem, fica e vai embora.
Que bom.
E tudo assim até me parece estranho.
Vermelho-Xadrez.
Oblíquo ocaso do descaso.
E verde se faz.
Concreto.
Na pouca luz de penumbra... dançante torna-se o contraste.
E vem. Fica. E ferve a alma.
E o horizonte me parece até distorcido.
As águas escuras.
Palavras envolvem.
Frescor que encanta.
Suaviza aquela nostalgia amarga de outrora.
E logo mais o telefone toca.
E a gente vem, fica e vai embora.
Que bom.
E tudo assim até me parece estranho.
Vermelho-Xadrez.
Aguardo
Não entendo o porquê de tanta defesa entre a saudade nostálgica e o presente impreciso. Afinal, de mansinho o gosto bom se aproxima. Mesmo sendo substanciado pelo medo. Todo dia caminha. E o tempo pesa e transforma. Mas o que há por vir?
Aguardo.
Anseio.
Aguardo.
Anseio.
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