quarta-feira, 8 de setembro de 2010

À duas mãos

Aqui no meu mundo tudo parece mais leve.
É como se as palavras perdessem a gravidade
E não soubessem mais repousar.
Aqui do lado de dentro eu ganho batalhas dormindo,
faço o impossível de repente.
Aqui no meu mundo me coroaram rainha de mim mesma,
me tiraram a venda dos olhos e eu pude enxergar o mais belo dos belos.
Aqui dentro é tudo bem, tudo calmo.
Num estalo eu me salvo.
Aqui no meu mundo eu me encaixo, eu me perco e me acho sem contradição.
É do lado de dentro que vejo bolas invisíveis a vasculhar a memória.
Entre o mundo e eu, existe apenas uma corda
A que me cerca , a que me sufoca
A que me mata , mas por vezes me salva
Me salva de mim mesmo, ou me dá de presente
presentes que chegam quando os segundos são poucos
quando o sol é bonito ou a lua é risonha
É dentro de mim que percebo
Todos vivem aqui, como um altar,
como uma praça.
Pássaros pedindo comida,
Pássaros se desfazendo em cor rangenta
É dentro de mim que faço festa.

Alan Caeiro e Giselle